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Cello Shredders

      Os 2Cellos são Stjepan Hauser e Luka Sulic, violoncelistas clássicos cuja versão de “Smooth Criminal” tornou-se uma sensação no YouTube. Os nativos da Croácia e Eslovênia, que tocam tudo, de Vivaldi a AC/DC, falaram com a Shymphony sobre tocar em arenas do rock e sua paixão por trazer a música clássica para platéias maiores.

      Stjepan Hauser: O cello é um instrumento universal. Ele tem tantas possibilidades e é capaz de fazer tantas coisas diferentes, sons diferentes, efeitos. O que tentamos fazer é pegar uma boa canção de rock ou pop e transformá-la em uma obra prima clássica! Nós tentamos dar a ela essa dimensão e sensibilidade clássica. Comumente usamos dinâmicas que variam de pianíssimos a fortíssimos, o que você nunca ouve em shows de rock - onde você só ouve som alto o tempo todo. Nossos arranjos do U2 ou Coldplay, por exemplo, soam como peças clássicas escritas para violoncelo. Elas combinam perfeitamente com o som e o alcance do violoncelo. Nós a tratamos desta forma e tocamos desta forma!

 

                Queremos expandir as possibilidades de tocar o violoncelo. Nossa criatividade e imaginação estavam limitadas por tocarmos somente um tipo de música. Tínhamos sempre este animal do rock dentro de nós querendo explodir! Um lado de nó querendo lotar arenas, estádios – queríamos experimentar esta euforia, fãs loucas gritando, shows de luz, adrenalina, atmosfera de rock selvagem.

                Luka Sulic: Fora a música clássica, minha grande paixão sempre foram as músicas de filmes – trilhas sonoras de Vangelis, Morricone, e depois Howard Shore, Hans Zimmer, James Horner, e James Newton Howard. Eu também escutava muito hip-hop e depois bandas como U2, Guns N’ Roses, e AC/DC. Eu era muito influenciado pela música eletrônica, toda o lado de produção em estúdio. Eu queria muitas vezes tocar amostras de violoncelo para as batidas do meu irmão – ele trabalha com produção de hip-hop e música eletrônica.

                Hauser: Eu tive muita sorte por ter aulas com Mstislav Rostropovich e Bernard Greenhouse. Rostropovich tocava com tanto drama e energia, que era realmente inspirador. Depois disso, eu fiquei completamente obcecado pela Jacqueline Du Pré. Ela me surpreendeu com sua energia e paixão, poder e intensidade – ela dominava qualquer homem que já tenha tocado violoncelo!

                Sulic: Eu cresci num ambiente clássico quase isolado. E a maioria dos membros da minha família são ligados à música clássica. Então, naturalmente, meus primeiros ídolos foram violinistas, pianistas, e claro, violoncelistas. Eu nunca vou me esquecer da primeira vez que escutei uma gravação de David Oistrakh tocando Concerto para Violino de Tchaikovisky. Eu tinha 12 anos. Tudo era só perfeição. Ele não se movia muito no palco, mas parecia e soava maior que a vida. Eu era muito influenciado pelos violoncelistas Daniil Shafran e Lynn Harrell. As cores que Shafran podia pintar com seu violoncelo eram incríveis, e eu também gostava muito do som de Harrell.

                Hauser: No verão de 2013, na Arena Pula da Croácia, a plateia e a atmosfera foram mágicas. Nós tivemos outros grandes shows antes disso, na Arena Zagreb para 12.000 pessoas, no Split, um show aberto para 50.000 pessoas! Claro que usamos amplificadores- nossos shows são realmente altos, especialmente indo pro final, quando começamos a tocar rock. Seria muito legal e interessante fazer uma parceria com os Rolling Stones, AC/DC, U2, Sting, Eminem, Dudamel.

                Nós acreditamos que a música clássica pode alcançar audiências maiores, mas frequentemente é apresentada de uma maneira chata, seca, antiga, com tantas regras, e os jovens simplesmente não se interessam em ir aos concertos. Muitos professores não ensinam como abrir seu coração, como expandir seus horizontes, como gostar de si mesmo e se sentir confortável no palco. Eles te ensinam como temer cada pequeno detalhe. O mundo da sinfônica poderia aprender como fazer um show melhor, mais interessante para o público, com um toque mais relaxado. Osquestras poderiam também ensinar ao mundo do rock a tocar com mais atenção aos detalhes, cores, gama dinâmica e sutileza.

Traduzido por Beth Quintella

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